Enfermeira, eu, minha mãe, pai tirando a foto. 1992
Hoje fazem 20 anos que a bolsa da minha mãe estourou. Fazem
20 anos que ela sentiu dores horríveis. Fazem 20 anos que o médico deu tapinhas
na minha bunda. Fazem 20 anos que nasci.
O que eu posso dizer dos últimos 20 anos? Eu vivi.
Intensamente, mesmo quando estava atrás do computador, tudo é uma grande
aventura quando se enxerga beleza nas coisas, e por mais que às vezes minha
cara esteja fechada meu coração está ao lado da lua cheia e das estrelas.
Nesses 20 anos eu cresci, inevitavelmente. Nasci, se não me
engano, com 48cm e hoje tenho 1,62m. Não é grande coisa, mas chegou um momento
em que tive que trocar os sapatinhos de lã por salto alto e tênis coloridos.
Mas o maior crescimento não foi esse. Tudo começou quando aprendi que virar na
cama era legal, meu cérebro começou a evoluir, e até hoje ele continua
evoluindo, aprendi coisas interessantíssimas e outras que poderia ter deixado
de canto, mas quando se tem o juízo no lugar é bom aprender até sobre as coisas
ruins.
Nessas de aprender sobre as coisas conheci pessoas. Muitas,
diferentes, loucas, sãs, com boas e más intenções e seria mentira se eu falasse
que elas apenas passaram em minha vida. O fato de eu ter começado a aprender coisas
me fez com que eu extraísse de cada uma delas ensinamentos que por menores que
fossem, fazem parte da minha essência e da pessoa que sou dia após dia. Teve
pessoas que me fizeram chorar, e por isso me deixaram forte. Teve pessoas que
me fizeram estremecer as pernas, e por isso me deixaram fraca. Teve pessoas que
apenas me olharam de maneira firme e eu soube que jamais estaria sozinha, e
tiveram pessoas que sorriram para mim e me deram calafrios na espinha de tanta
frieza. Mas são pessoas, respeito e valorizo cada uma delas, pois por mais
desprezível que seja o caráter, o ser humano merece nosso respeito.
O ser animal também. Nesses 20 anos tive bichos de estimação
que eram parte da família. Meus gatos, os amores da minha vida. Eles se foram,
todos três de maneira muito trágica, mas não serão esquecidos, e me ensinaram
que bichos também sentem, e que a sintonia entre ser racional e irracional é
constante e verdadeira.
Por falar em verdade, com o passar do tempo fui descobrindo
coisas que mudaram a minha vida. Eu não vim da cegonha, Papai Noel não existe,
nossos pais não vivem pra sempre e pessoas nem sempre são confiáveis. Muitas
outras coisas foram reveladas e cada uma delas me deixou perplexa, a verdade
nem sempre é o que queremos ouvir, mas é necessário aprender a viver com ela.
Mas de tudo isso só não consigo aceitar que meus pais não são imortais.
E já que citei a imortalidade, citarei a mortalidade de
pessoas queridas. Como aceitar que um amigo se foi? Como aceitar que hoje não os
tenho para me dar parabéns? Difícil. Como aceitar que verei muitos outros
amigos partirem e que um dia serei eu a partir? Mais difícil. Por isso dou
valor a quem tenho do meu lado hoje, evito brigas, mesmo que eu fique chateada,
pois jamais quero perder alguém ou ir embora e deixar como legado más lembranças.
Avós, amigos, amigas... Não me importa que a pessoas tenha vivido 80 anos, eu
continuo achando que a vida é incrivelmente pequena, então temos que aproveitar
o tempo útil.
Mudando de assunto, o que mais me encanta na vida são os
sonhos, e sou feliz por ter conseguido realizar alguns dos meus. Nada é mais encantador do que o cheiro do seu
sonho sendo realizado, do que o frio na barriga quando você se encontra a dois
de algo que há 20 minutos parecia impossível, e graças a Deus eu sempre tive
muita fé e coragem para correr atrás do que realmente quis. Muitas vezes nossos
sonhos não condizem com nossa realidade, mas isso não significa que não podemos
sonhar, que não podemos tentar o máximo possível. Me enchem de lágrima os olhos
ao lembrar de tudo que já consegui na minha vida, mesmo tendo apenas 20 anos. E
essa sensação só me faz ter certeza que enquanto meu coração bater vou correr
atrás do que me faz feliz.
E depois de tanto escrever, eu não podia finalizar esse texto
sem falar da minha família. Meu pai e me minha mãe, que me ajudaram tanto esse
ano, que fizeram com que meus sonhos ficassem mais próximos, que sempre fizeram
de tudo para me fazer sorrir, são quem eu mais amo, prezo, respeito, quero bem
e tudo da minha vida, afinal, eles são minha vida. Não existiria Nathalia
Dhafine sem eles, e sei que nunca existirá, metade de tudo que sou pertence a
eles, a outra metade é de Deus. Meus irmãos são bases fortes nas quais me apoio
também, uma mora longe, a outra mais perto e o outro no quarto ao lado, e cada
um é importante de um jeito, cada um é essencial sendo quem é, e só posso
agradecer a Deus e as forças divinas por ter sido abençoada com uma família tão
louca e maravilhosa.
Então, deixo aqui minhas primeiras palavras escritas aos 20
anos, no começo do blog eu tinha apenas 18, não sei se os textos foram
evoluindo, se eu evolui e a escrita não, mas sei que eu amo minha vida, meus
amigos, minha família, meus devaneios, minhas músicas, meu Corinthians, minha
praia, meus estudos, então se eu amo tudo isso e tudo isso me faz bem, só tem
uma coisa que posso dizer pra vocês...
Eu sou feliz!
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