quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A Bolsa Estourou

Enfermeira, eu, minha mãe, pai tirando a foto. 1992
 
 
 
 
    Hoje fazem 20 anos que a bolsa da minha mãe estourou. Fazem 20 anos que ela sentiu dores horríveis. Fazem 20 anos que o médico deu tapinhas na minha bunda. Fazem 20 anos que nasci.
    O que eu posso dizer dos últimos 20 anos? Eu vivi. Intensamente, mesmo quando estava atrás do computador, tudo é uma grande aventura quando se enxerga beleza nas coisas, e por mais que às vezes minha cara esteja fechada meu coração está ao lado da lua cheia e das estrelas.
    Nesses 20 anos eu cresci, inevitavelmente. Nasci, se não me engano, com 48cm e hoje tenho 1,62m. Não é grande coisa, mas chegou um momento em que tive que trocar os sapatinhos de lã por salto alto e tênis coloridos. Mas o maior crescimento não foi esse. Tudo começou quando aprendi que virar na cama era legal, meu cérebro começou a evoluir, e até hoje ele continua evoluindo, aprendi coisas interessantíssimas e outras que poderia ter deixado de canto, mas quando se tem o juízo no lugar é bom aprender até sobre as coisas ruins.
    Nessas de aprender sobre as coisas conheci pessoas. Muitas, diferentes, loucas, sãs, com boas e más intenções e seria mentira se eu falasse que elas apenas passaram em minha vida. O fato de eu ter começado a aprender coisas me fez com que eu extraísse de cada uma delas ensinamentos que por menores que fossem, fazem parte da minha essência e da pessoa que sou dia após dia. Teve pessoas que me fizeram chorar, e por isso me deixaram forte. Teve pessoas que me fizeram estremecer as pernas, e por isso me deixaram fraca. Teve pessoas que apenas me olharam de maneira firme e eu soube que jamais estaria sozinha, e tiveram pessoas que sorriram para mim e me deram calafrios na espinha de tanta frieza. Mas são pessoas, respeito e valorizo cada uma delas, pois por mais desprezível que seja o caráter, o ser humano merece nosso respeito.
    O ser animal também. Nesses 20 anos tive bichos de estimação que eram parte da família. Meus gatos, os amores da minha vida. Eles se foram, todos três de maneira muito trágica, mas não serão esquecidos, e me ensinaram que bichos também sentem, e que a sintonia entre ser racional e irracional é constante e verdadeira.
    Por falar em verdade, com o passar do tempo fui descobrindo coisas que mudaram a minha vida. Eu não vim da cegonha, Papai Noel não existe, nossos pais não vivem pra sempre e pessoas nem sempre são confiáveis. Muitas outras coisas foram reveladas e cada uma delas me deixou perplexa, a verdade nem sempre é o que queremos ouvir, mas é necessário aprender a viver com ela. Mas de tudo isso só não consigo aceitar que meus pais não são imortais.
    E já que citei a imortalidade, citarei a mortalidade de pessoas queridas. Como aceitar que um amigo se foi? Como aceitar que hoje não os tenho para me dar parabéns? Difícil. Como aceitar que verei muitos outros amigos partirem e que um dia serei eu a partir? Mais difícil. Por isso dou valor a quem tenho do meu lado hoje, evito brigas, mesmo que eu fique chateada, pois jamais quero perder alguém ou ir embora e deixar como legado más lembranças. Avós, amigos, amigas... Não me importa que a pessoas tenha vivido 80 anos, eu continuo achando que a vida é incrivelmente pequena, então temos que aproveitar o tempo útil.
    Mudando de assunto, o que mais me encanta na vida são os sonhos, e sou feliz por ter conseguido realizar alguns dos meus.  Nada é mais encantador do que o cheiro do seu sonho sendo realizado, do que o frio na barriga quando você se encontra a dois de algo que há 20 minutos parecia impossível, e graças a Deus eu sempre tive muita fé e coragem para correr atrás do que realmente quis. Muitas vezes nossos sonhos não condizem com nossa realidade, mas isso não significa que não podemos sonhar, que não podemos tentar o máximo possível. Me enchem de lágrima os olhos ao lembrar de tudo que já consegui na minha vida, mesmo tendo apenas 20 anos. E essa sensação só me faz ter certeza que enquanto meu coração bater vou correr atrás do que me faz feliz.
    E depois de tanto escrever, eu não podia finalizar esse texto sem falar da minha família. Meu pai e me minha mãe, que me ajudaram tanto esse ano, que fizeram com que meus sonhos ficassem mais próximos, que sempre fizeram de tudo para me fazer sorrir, são quem eu mais amo, prezo, respeito, quero bem e tudo da minha vida, afinal, eles são minha vida. Não existiria Nathalia Dhafine sem eles, e sei que nunca existirá, metade de tudo que sou pertence a eles, a outra metade é de Deus. Meus irmãos são bases fortes nas quais me apoio também, uma mora longe, a outra mais perto e o outro no quarto ao lado, e cada um é importante de um jeito, cada um é essencial sendo quem é, e só posso agradecer a Deus e as forças divinas por ter sido abençoada com uma família tão louca e maravilhosa.
    Então, deixo aqui minhas primeiras palavras escritas aos 20 anos, no começo do blog eu tinha apenas 18, não sei se os textos foram evoluindo, se eu evolui e a escrita não, mas sei que eu amo minha vida, meus amigos, minha família, meus devaneios, minhas músicas, meu Corinthians, minha praia, meus estudos, então se eu amo tudo isso e tudo isso me faz bem, só tem uma coisa que posso dizer pra vocês...  Eu sou feliz!

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