sábado, 4 de agosto de 2012

Viver sem tempos mortos



      O que posso dizer eu, uma menina de 19 anos, sobre a peça "Viver sem tempos mortos" interpretada pela diva Fernanda Montenegro? Posso dizer que eu não sabia o que esse título queria dizer, e também que foi inesquecível; dizer que durante semanas irei dormir me lembrando da voz forte dela, apesar das 82 primaveras que já viveu; dizer que mesmo tendo estudado filosofia no colegial, pouco ouvi sobre Simone de Beauvoir, ou matei aula no dia em que ela foi assunto, mas que me emocionei com sua história, pude senti-la, e vi pelas lágrimas e sorrisos da Fernanda que é uma história que merece ser conhecida. Felizmente agora eu posso dizer: "Sei o básico sobre Simone de Beauvoir, a eterna amante de Sartre".
      Preciso destacar uma frase dita pela Fernanda que combinou muito com toda a minha noite: o acaso tem a última palavra. Eu não ia à essa peça, vi de última hora o anúncio no site da prefeitura e entristeci com as palavras "Os ingressos se esgotaram em uma hora". Fica pra próxima, né Fernanda? Pois bem, calhou que fui contar para um amigo que eu queria assistir o monólogo, e calhou que ele trabalharia de segurança no teatro esse dia e tinha um ingresso que não usaria. Me senti como o Jack ao ganhar num jogo de sorte o bilhete para o Titanic, e foi uma viagem tão emocionante quanto a dele. O acaso me levou até ali, e o agradeço muito (e ao Willians também, o boy magia que me cedeu o ingresso), foi uma honra estar naquele teatro, junto daquele bando de pessoas desconhecidas, mas que compartilharam o mesmo deslumbramento que eu.  E principalmente eu, que acho o feminismo uma coisa digna, foi um prazer poder conhecer a história de uma mulher que revolucionou a velha Paris e o mundo. Suas idéias e ideais expressos nos seus diversos livros e principalmente em  "O segundo sexo" (que quero muito ler), foram divisores de águas quando o assunto era liberdade, em todos sentidos.
      Posso dizer que o palco estava parcialmente vazio, apenas uma cadeira simples e uma senhora sentada, usando uma roupa parecida com a minha: camisa social branca, calça preta, sapato social, e uma presilha pequena no lado esquerdo da cabeça. E nessa cadeira ela permaneceu durante os 60 minutos da apresentação, mas posso afirmar que nunca vi aquele palco tão cheio e tão bonito. Ao conhecer aquela história de amor e de luta e ver uma atriz como a Fernanda interpretá-la de maneira tão singular pude finalmente começar a entender o que quer dizer "Viver sem tempos mortos".

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