devaneios dentro do metrô

Hoje no metrô enquanto voltava do trabalho pra casa fiquei pensando no porque de nós sermos o tipo triste de casal que quando se separa nunca mais se fala. No porque de eu ter recortado você de todas as fotos que tínhamos juntos, e o porque de eu ter queimado todas as cartas que você me escreveu... A única explicação, pra mim é que quando um amor como o nosso acaba, vira ódio porque não aceita não sentir mais nada. Então eu te odeio pelo simples fato de que te amo, e não poderia viver sem sentir nada por você, e como já sei que te amar é tarefa impossível, decidi te odiar pois é bem mais fácil. Amar nunca é fácil, e amar você foi uma luta para mim. Segurar as lágrimas na frente dos nossos amigos quando me perguntavam de você era como estar em plena segunda guerra mundial, mas eu venci, usei todos os armamentos possíveis e imagináveis, desde o sincero "Não falo mais com ele" até o cretino "Não quero saber como está a vida dele agora". Eu passei por barreiras,  me feri, perdi braços e pernas, e hoje, meio despedaçada, estou aqui, em um metrô cheio de pessoas que poderiam ser os amores da minha vida e pensando apenas em você, em como me dói te odiar por não poder te amar, por não poder correr agora na porta da sua casa e te xingar até você me dar um beijo como sempre foi quando brigávamos. Me faz sofrer o fato de sermos inimigos eternos, ter que fazer cara de nojo ao falar de você na rua e chorar ao pensar em você no banho. É  ridículo, mas eu tento me convencer todos os dias da maior mentira já contada na história do universo: eu não te amo mais.