o que mais pode ser?

    Existe um pedaço dele em tudo que ela faz e vive. Quando compra um batom ou cruza uma ponte, lá está ele com ar de superior e com olhares de aprovação ou, como na maioria das vezes, reprovação. Ele está lá em todas as vezes que ela se sente só, abraçando-a e dizendo que ela jamais estará sozinha. Ela sabe que realmente ele está certo, mesmo que essas palavras sejam apenas fruto da sua imaginação. Ela nunca estará sozinha porque nunca foi do tipo de pessoa que precisa esperar muito para conseguir companhia, mas a questão não é ter alguém  e sim ter ele, e essa solidão ela jamais conseguirá superar, não existem mais dele por aí. 

    O mundo ficou mais cinza, isso é fato... Ela ficou mais cinza, quem nessa cidade não percebeu? Mas não há nada que ninguém possa fazer, pois amor não se traz de volta nem com magia. Ou ele é natural, ou não é. Então ela vive esse amor de mentira junto a memórias que parecem tão reais que ela jura por Deus que vez ou outra ele a abraça e ela pode mais uma vez sentir o cheiro dele que não é de perfume nem de suor nem de nada que possa ser descrito, é simplesmente o cheiro dele, e que saudade que dá...

E dói, dói a mesma dor de tantos outros textos meus. Dói porque a saudade é uma faca afiadas e nós nos jogamos em cima dela. Dói porque não há nada mais a sentir, e essa dor nos faz lembrar de que sim, existe amor.