São uma e vinte e oito da manhã e eu vou acordar as seis para trabalhar, acabei de finalizar um trabalho da faculdade e tenho outro que nem comecei ainda, mas tenho que escrever sobre você, mais uma vez.
Tenho que escrever nesse exato momento porque não me segurei e visitei sua página na internet e vi como vai a sua vida. Vi que vai bem, obrigada. Mas dessa vez acho que me tornei gente grande e não chorei, ou me tornei mesmo a escritora que tanto sonhava e choro letras ao invés de lágrimas (me agarro mais à primeira hipótese, mesmo sabendo que a segunda faz mais sentido em situações como essa.)
Hoje não quero escrever sobre o quanto te amei, o quanto sofri ou quantas coisas fizemos de errado e os motivos que nos levaram a sermos completos estranhos um para o outro. Hoje, uma e trinta e um da manhã, eu quero falar sobre as coisas que (eu espero) permaneceram.
Olhei para o céu hoje e inevitavelmente lembrei de você, lembrei do filme querido John, lembrei do homem de preto, lembrei que sua lua é a mesma minha e rezei baixinho para que pelo menos uma vez no mês (de preferência na lua cheia) você olhe para o céu e também lembre de mim.
Espero que também quando você escutar alguma das nossas antigas músicas, você pense que o passado foi bom, do mesmo modo como eu estou pensando agora. Esquece as lágrimas, os gritos, esquece o meu olhar de arrependimento e o seu olhar de bravo da última vez que falei com você ao vivo nessa vida, esquece que isso foi em um ônibus lotado, esquece aquela sua ligação na manhã de páscoa em que eu estava de ressaca, esquece tudo (eu acabei de te lembrar de tudo isso né? enfim, esquece a partir de agora) e lembra de quando você pegou na minha mão pela primeira vez e eu não sabia exatamente o que fazer e você dava risada porque talvez no fundo também não entendesse aquilo. Lembra da nossa primeira discussão boba e da nossa primeira reconciliação boba. Lembra do jeito como a gente se amava, em todos os sentidos. Lembra de você cantando pra mim e de como eu achava lindo tudo que você fazia. Lembra dos meus beijos, dos meus carinhos, das minhas ligações só pra ouvir sua voz, da primeira carta de amor que você escreveu pra mim, das muitas noites em que você bateu no meu portão, lembra da minha cantora favorita e pelo amor de Deus, por tudo que há de mais sagrado, nem que seja numa tarde de domingo depois de chover muito e acabar a energia e você não tiver nada pra fazer, lembra de mim, porque pra ser honesta, eu nunca te esqueci.
01:37am.
Não sei sob quais circunstâncias você não esta mais com ele. Também não sou capaz de dizer o que impede você de pegar um telefone e falar com ele, ou facebookar, ou mandar uma carta...Não sei...Hoje em dia, o céu não é mais o limite, e você pode tentar reencontrar aquele que nunca saiu de você. Não, não é fácil. Eu sei. Mas sabe: a vida é uma só! Na próxima geração (caso isso aconteça e caso nisso você acredite) muitas poderão ser as variáveis e ele poderá não mais estar ao seu alcance. Na próxima geração, você poderá estar totalmente diferente e ele não mais te reconhecer. Agora, é só questão de querer e fazer. Ir atrás. Não, não é fácil. Na próxima geração, você poderá não ter mais covinhas (é geneticamente impossível, mas...), e nem ser mais baixinha....Se, realmente, houver, ainda, qualquer ligação entre ele e você, por mais diferente que você esteja, ele SEMPRE se lembrará de você...Às vezes, Dhafine, o orgulho pode fazer com que coisas tão simples, quanto se comunicar, não se concretizem. É a coisa mais infantil que um adulto pode fazer. Mas ele sempre o faz. Faça diferente! Você é diferente! Eu também nunca esqueci de uma pessoa, mesmo estando com outra...da última vez que nos vimos, muitas lágrimas caíram...um último abraço foi dado e nunca mais nos vimos! Ontem, sonhei com ela. Te digo isso porque sou uma pessoa altamente orgulhosa. Sou assim e não vou mudar. Sem contar que estou com outra pessoa, que é boa pra mim. Você é nova, e mostra persistência. Se você é persistente para trabalhar de dia, estudar à noite, fazer o curso se atuação, que parece ser algo importantíssimo pra você, faça, também, e se proponha, apenas, a conversar....conforme for, você terá a certeza, ao menos, que você tentou, que fez a sua parte e sua consciência, por mais que guarde qualquer lembrança, não mais te incomodará...
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