terça-feira, 6 de novembro de 2012

Só se vê bem com o coração

     


    
      Há alguns meses eu estava em um impasse. Na verdade eu vivo neles, mas esse era um dos mais comuns: haviam dois caras me tirando o sono, um por que eu o deseja e o outro porque ele me desejava.    
       O "um" era divino, digno de anúncios da Abercrombie, engraçado, amigo de metade da cidade, surfista, skatista, ciclista, guitarrista, e todos os istas relacionados a esporte e música que existem. Vestia-se sempre como se estivesse indo para a melhor balada do Brasil e perfumava-se de modo que ao entrar em qualquer ambiente todos sentiam o cheiro de conquista que vinha dele. Gostava das mesmas bandas que eu, mesmos filmes, mesmas baladas, e alcançou a nota 10 no quesito "Pretendente perfeito".
     Já o "outro" não era nada disso, era tímido, na dele, não estaria jamais nas propagandas da Abercrombie, gostava de rock e MPB, tocava violão e o único assunto do qual se sentia a vontade para falar era sobre livros. Suas roupas eram dignas de entrevistas de emprego, e seu perfume só podia ser sentido quando beijado no pescoço (coisa que fiz diversas vezes, o cheiro era maravilhoso). Éramos com-ple-ta-men-te diferentes. Esse também alcançou a nota 10, mas no quesito "Pretendentes que não tem muito a ver comigo".
      Mas o "um" era instável, me queria só nos finais de semana e feriados, enquanto o "outro" me ligava durante a semana inteira, e só não me ligava nos ditos finais de semana e feriados por que já sabia de antemão que eu não o atenderia. O "outro" era step, tinha o cheiro e o beijo mais maravilhoso do mundo, mas ficava sempre no porta-malas, enquanto o "um" dirigia tudo. Mas teve um dia que o "outro" me ligou no sábado, e eu deixei de sair com o "um" pra sair com ele. O motivo? Eu estava com saudades das longas conversas sobre livros, dos planos para uma próxima faculdade, dos olhares carinhosos, da sensação de pés no chão que ele trazia e principalmente do beijo e do cheiro que apenas quem fosse digna de beijá-lo sentiria. Eu não era exatamente digna, mas digamos que ele viu algo em mim que ninguém via, que eu mesma não via e que o "um" nem imaginava que existia. Pela primeira vez na vida eu deixei de lado o costume de ficar com o mais bonito por fora e me entreguei de corpo e alma ao mais bonito por dentro, e posso dizer com plena certeza que foi a melhor escolha que fiz desde o meu nascimento. Aos poucos o "outro" não era mais step, e nem dirigia nada, ele andava ao meu lado, e passei a achá-lo lindo por fora também. Hoje em dia só de ver o sorriso dele meu corpo se arrepia inteiro... O "um" eu nem sei mais por onde anda, mas deve estar por ai em algum relacionamento tão supérfluo quanto ele. Se ele me ligou? Sim, muitos finais de semana, feriados, e para nossa surpresa, em algumas quarta-feiras da vida, principalmente quando soube que eu estava deixando de vê-lo para estar com outra pessoa, mas desde o começo da história vocês já sabiam que eu me apaixonaria de verdade pelo cara com conteúdo e não pelo playboy, né?

3 comentários:

  1. Parabéns pelo blog Nat gostei bjs Carla criatine

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  2. que foooofo! é de verdade isso?
    acho lindo que hoje eu escolhi os dois numa só pessoa! :p

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  3. Infelizmente não é verdade May! Acho que tô longe de achar um cara com cérebro, hahah, mas fico feliz por você s22 aproveita bem!

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