terça-feira, 19 de novembro de 2013

É preciso amar as pessoas

     No ano passado eu perdi um grande amigo. Foi um baque muito grande, claro que não tão forte quanto o do acidente que o levou, mas um baque forte demais para quem nunca havia perdido alguém tão próximo. Ele era carinhoso, atencioso, engraçado... havia dito na tarde do acidente para uma amiga minha que queria me dar um abraço, mas não nos vimos nesse dia e eu não tive coragem de visita-lo na UTI. Ele se foi sem nosso último abraço. Isso me corroía. Eu decidi então que precisava homenagea-lo e torná-lo inesquecível de alguma forma, então a primeira coisa que me veio a cabeça foi: quando eu tiver um filho, o nome será Elias. Ideia fixa, como a do emplasto de Brás Cubas mais uma vez.
     Eis que mais de um ano se passou desde que o perdemos, e o que aconteceu? Perdi duas amigas. Aliás, uma amiga e uma irmã. Perdi duas pessoas lindas e felizes que me acompanharam nas melhores baladas e aventuras dos últimos anos. Outro baque, novamente não tão forte quando o do acidente que as levaram, mas forte demais para mim. Não é fácil de colocar na cabeça que não as verei mais, de que não vamos marcar aquele show de rap que ficou faltando, que não vou ouvir mais minha Agatinha me chamando de “amis” ou a Le me chamando de flor. É difícil e mais uma vez eu pensei em homenagea-las de forma a torná-las inesquecíveis.
     Um dia antes do acidente delas o avô do meu namorado, que estava na UTI por mais de dez dias, veio também a falecer.  Um homem bom, que ajudou a moldar o homem que tem feito meus dias mais felizes, também se foi sem a chance de dizer tchau. Eu o vi pela última vez no dia do seu aniversário e então só o vi novamente da maneira que ninguém nunca quer ver outra pessoa.
     Ver minhas amigas desse jeito foi surreal também. A vontade é de que, mesmo que isso seja assustador, elas levantem e digam: “Ei galera, brincadeira!”. Mas nenhum deles vai levantar, nunca mais vou abraçar, beijar, dizer algo engraçado ou ter uma conversa séria com nenhum deles. Essa é a vida, ou, ironicamente, a ausência dela.
     O que conclui depois de tudo isso? Que conforme os anos forem passando mais pessoas irão embora, e eu nunca estarei  pronta para os baques da vida, e que eu precisaria de muitos filhos para homenagear a todos. Na verdade cheguei a conclusão de que esses meus amigos e amigas não precisam de homenagens como essa ou cartazes ou sabe-se La o que, pois eles, durante sua passagem na terra, fizeram coisas que os tornaram inesquecíveis sem precisar de nada disso. Os bons momentos, as boas lembranças, o respeito e o amor os fizeram inesquecíveis na minha vida e tenho certeza que na vida de cada um que eles participaram.
     O que me resta então? Tentar aceitar esses acontecimentos, tentar lidar com os medos que surgem ao vivenciar esses tipos de situações, e mais do que nunca fazer valer a pena cada momento ao lado das pessoas que amo. Claro que sou humana, cheia de imperfeições, e no dia de mais alguém ir embora ou no dia em que eu irei, ficará no ar aquela angustia de poder ter feito mais, mas daqui pra sempre procurarei viver como se não houvesse amanhã, porque se você para pra pensar, na verdade não há...



Um comentário:

  1. É sempre bom fazer esse tipo de reflexão. No final de semana que ocorreu o acidente que vitimou uma de suas amigas, eu estava em sua cidade.

    Em todo lugar que passava, ouvia alguém comentando sobre. Pessoas de diferentes idades, em diferentes locais, todas elas com um tom de perplexidade e pesar ao falar do assunto. Bom, sem a conhecer, pensei: essa menina foi muito querida. E, com certeza, foi.

    Queria te deixar um abraço e para quem mais valer.

    Que a vida continue nos inspirando a viver e que Deus nos dê paz, conforto e sabedoria para compreender algumas etapas da natureza.

    Fica bem.
    Abraço.

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