domingo, 8 de junho de 2014

Julieta

Julieta é nome fictício. Mas Julieta era uma pessoa de verdade.
Acordava todos os dias em cima da hora, para poder dormir mais. Dava bom dia para todas as pessoas que encontrava na rua, esperando que assim seu dia também fosse melhor.
Julieta trabalhava de secretária em um escritório de contabilidade, e embora vivesse cercada por números, sua coisa era desenhar.
Certa vez, numa quinta a noite, Julieta desenhou uma casa. Mas a casa ficou muito sozinha, então desenhou uma árvore. A árvore sentiu-se sozinha também, e então Julieta resolveu que não deixaria mais ninguém sozinho e desenhou carro, cachorro, sol, nuvens, pássaros.
Julieta olhou para sua própria casa e achou que no desenho ainda faltava algo, então desenhou a si mesma. Mas sentiu-se sozinha, e no desenho, pelo menos lá, ela pode consertar a própria solidão.
Julieta desenhou uma amiga em quem poderia confiar, um marido que a amaria tanto quanto ela o amaria, desenhou um pai e uma mãe e desenhou uma criança bem pequena, parecida com ela.
Julieta mais uma vez olhou ao seu redor e sentiu saudades. Sentiu saudades da amiga, do marido, dos pais, da sua filha... Julieta sentiu uma saudade que a fez derrubar lágrimas sobre seu desenho. Ela sentia saudades mesmo sem nunca ter desfrutado de nada daquilo. A vida as vezes é mais bonita na  ficção. 

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