quinta-feira, 12 de junho de 2014

Sobre preços e valores

Texto escrito em 30 de abril de 2012. Sem título.




Ontem meu ex namorado apareceu na porta da minha casa às três da manhã, chorando, tocando a campainha loucamente e com um pacote da minha loja favorita nas mãos. Eu o atendi, claro. Qual tipo de ser humano não atenderia alguém se humilhando na frente de todos os vizinhos? Apenas fiz uma caridade. Durante a nossa longa e exaustiva conversa ele me fez promessas de que mudaria e que dessa vez seria um cara melhor, iria me levar pra viajar, ia me dar o mundo, blá blá blá e o  pacote da minha loja favorita tinha pelo menos cinco peças perfeitas da coleção nova, a fórmula perfeita para reconquistar qualquer mulher... qualquer mulher interesseira, qualquer mulher sem cérebro, mas eu, graças à Deus, sempre tive estrutura mental suficiente para saber que sentimentos não são comprados com viagens ou com  mais de cinco peças de roupas, é preciso mais, algo além de dinheiro, além de status, de quantos contratos ele fechou na semana. O amor nasce do simples, do nada, de um grão de areia. Em momento nenhum ele me prometeu que assistiria mais filmes comigo nos sábados À noite e nem jurou de pés juntos que no próximo dia de chuva ficaríamos na cama por tempo integral. Ele não me prometeu sorrisos, não me ofereceu o coração, respeito... Nada do que eu realmente precisava. Dinheiros e bens materiais eu trabalho e compro, mas sentimentos eu não posso comprar, amor e companheirismo são as únicas coisas que ele e mais ninguém poderia me dar, mas a vida na selva de pedra o tornou incapaz de pen$ar $em envolver dinheiro e luxo em todos os aspectos da vida. 
É uma pena ver que muitas pessoas são assim, não enxergam o belo, não valorizam o simples. Diferente do comercial, nem mastercard, nem visa e nem cartão nenhum compra todas as outras coisas, é função do coração e dos olhos conquistá-las, é função das mãos conquistarem o contorno do corpo, é função dos lábios se encaixarem no outro, é função da sabedoria fazer com que o casal entenda e respeite o mundo do bem amado, e como ele não sabe exercer nenhuma dessas funções é função minha botar um fim nesse jogo onde ambos perdemos. 
Ele foi embora chorando e com seu pacote de roupas, sem entender o porquê de eu não ter voltado. Talvez se ele tivesse gastado um ou dois dias comigo vendo o pôr do sol sem pressa e sem cobranças ele entenderia que o que eu procuro não está na carteira de couro dele e nem na “vida boa” que ele pode me oferecer. Veja só que triste, ele me oferecia o mundo, mas jamais poderia oferecer seu coração, o capitalismo o corrompeu.

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