quarta-feira, 24 de maio de 2017

Transição - o que você não sabia sobre ela.

  

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    Em setembro desse ano sera meu primeiro aniversario de transição capilar. 
   Esse texto não e sobre dicas de cuidados com o cabelo ou técnicas de finalização, mas sim sobre o que me levou ate isso.
   Comecei a alisar o cabelo em 2009 se não me engano, com 16 anos, por um motivo bem simples: eu me sentia extremamente feia. Eu pesava 45kg, não era uma pessoa vaidosa ou que me importava com imagem, e tinha um cabelo cacheado e volumoso que por não ser vaidosa eu não cuidava, apenas driblava de vez em quando com chapinha, mas quando não o fazia estava tudo ok, sem drama nem sofrimento.
   Porem naquele ano conheci algumas pessoas (nem todas eram minhas amigas), e por muitas vezes ouvi comentários maldosos a respeito da minha aparência (e nem todas eram minhas inimigas), e isso foi criando em mim uma raiz de rejeição, claro que eu não sabia disso na época, mas no fim das contas virei inimiga da imag que refletia no espelho. Ela era na verdade meu pior pesadelo. Devido a problemas no estomago (que tenho ate hoje) eu não conseguia engordar, então os 45kg eu não conseguia mudar, mas o cabelo eu conseguia, e isso amenizava um pouco a dor de não ser quem eu gostaria de ser, ou quem os outros gostariam que eu fosse. Virei escrava da chapinha por um bom tempo, acordava cinco ou as vezes quatro e meia da manha para alisar o cabelo antes de ir pra escola, mas muitas vezes ele não ficava exatamente bom, o que levava a mais comentários que me machucavam. A solução que encontrei para esse problema foi: alisamento definitivo.
Então comecei uma nova saga: em busca da progressiva perfeita. Hoje em dia eu filosofo que  durante os procedimentos da progressiva meus olhos não enchiam de lagrimas apenas porque o produto era extremamente forte, mas porque eu não era, e isso era extremamente triste. Fiz diversos tipos de alisamentos, quando um fio da franja começava a sair do lugar eu pirava e começava a arrumar com a chapinha, porque na verdade eu não queria arrumar o cabelo, eu queria arrumar quem eu era, queria que as pessoas não dessem risada de mim, queria me sentir bonita, mas deixar de ser quem eu era não ia solucionar essa crise existencial, mas eu só descobriria isso anos depois...


   Agora estamos no ano de 2014, não estou mais no ensino médio, já sou uma adulta e estou no ultimo ano de faculdade, ainda alisando o cabelo. Nesse ano tive aula com uma professora que estava gravida, e ela alisava o cabelo, porem nos primeiros meses de gravidez não pode usar química, e em algumas aulas ela ia com o cabelo bem bagunçado, porque estava crescendo e não tinha o que fazer, Eu vi aquilo e pensei que se eu ficasse gravida e com o cabelo daquele jeito eu ia ficar muito triste, porque pra mim a aparência era tudo, mas foi o momento em que senti no meu coração que deveria parar de alisar o cabelo, pela primeira vez em anos.
   Claro que não parei né, todo mundo que faz alisamento sabe que chega uma hora em você vira escrava da progressiva, seu cabelo fica cada vez mais dependente e você também. E então chegou o momento em que comecei a me sentir numa escravidão mesmo, não era mais algo que me fazia feliz. Obvio que era inimaginável parar de alisar mas ao mesmo tempo não dava mais para fugir do fato de que meu coração pedia para largar esse vicio.


   Em 2015 fiz minha ultima progressiva e depois comecei a fazer apenas selagens, que teoricamente e algo mais fraco. Fiz duas selagens em 2016 mas a ultima foi em setembro do ano passado. Foi um caos, eu estava no salão e a luz acabou, não tinha mais como tirar o produto do cabelo, então passei a noite com o produto, um cheiro extremante forte e dormir com química no couro cabeludo não e legal. Mas pra minha surpresa a selagem mesmo assim não pegou direito. 
   Depois de passar por tudo isso eu pensei: chega. Chega de ser escrava do meu cabelo. Nao quero mais isso pra mim, quero ser eu, quero meu cabelo de volta, quero o que deixei que roubassem de mim: meu amor próprio, meu amor por quem eu sou. Eu estava farta de viver refém dessa ditadura da aparência perfeita.
   De la pra cá (oito meses) foi complicado. Sou bem realista com minha situação atual: meu cabelo não esta bonito e eu ainda tenho um longo caminho pela frente. Minha mãe e meu marido vivem falando que eu deveria alisar, ate se oferecem para pagar as químicas hahah, da pra ver o quanto eles querem me ver lisa, eles deixam bem claro que preferem cabelo liso, mas olha que demais: pela primeira vez em anos eu estou feliz com quem eu sou, ou quem me tornei. Nao vou alisar porque eu quero que as pessoa me achem bonita por quem eu sou por dentro, e de dentro de mim saem cachos! Se fosse ha alguns anos eu estaria bem neurótica e já teria alisado faz tempo, mas eu descobri quem eu sou, agora eu tenho uma identidade, e gostem ou não, essa sou eu, me descobrindo a cada manha (inclusive, com o cabelo beeem bagunçado haha)

   E você, por quais transições já passou na vida?
Se esta em transição capilar ou em qualquer outra, eu te digo, não desista! o premio de chegar no final e saber quem você realmente  é por dentro e por fora com certeza valerá a pena. Porque de uma coisa eu tenho certeza, perto das mudanças internas que estão acontecendo em mim a mudança do cabelo vai parecer até pequena. 


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